26 de fev. de 2013

Jogamos


Ele tem os dentes brancos e a pel morena. Tem apenas 23 anos e trougérom-no ao módulo de isolamento castigado por pelejar com "punhos" com outro preso, que seica lhe quería roubar.
Chegou ao Estado espanhol em aviom com quince anos, acompanhado do seu irmám. Diz que trouxo 1 kg. de cocaina no estómago, polo que lhe pagárom 6.000 euros.
No seu país, agardavam a que baixassem os turistas dos barcos e a que sentassem nos "cafés" para ir limpar-lhes os sapatos, um dos "trabalhos" mais acesíveis.
Aplicárom-lhe o artigo 75.1. e trougerom-no para este bunker. Nom lhe deixam ir á escola. Mas já tinha passado por situaçoms similares, como o ano que estivo num centro de menores - Menudos cabrones! - diz.
Ele timbrou hoje polo "telefonilho" porque pensava que nom lhe iam abrir para as suas 3 horas de minúsculo pátio. "Tes que aprender a obedecer-me, a próxima vez que timbres nom che abro"- di-lhe o "funcionário".
Jogamos com o único que temos, umha bola de tenis, e dá-lhe com força contra a parede, dá-lhe com força e exclama animado: - Ganhei!
Diz que quer umha entrevista com o diretor, para dizer-lhe:
"- Señor Director, usted piensa que estoy loco o es que me piensa volver loco?"
E surri, imaginando um momento que nunca chegará.

P.D. Este artigo, que enviei já duas vezes e se "traspapelou", ia acompanhado dum dado curioso; arredor dum 80% da populaçom reclusa tenhen problemas mentais... causa/efecto?
P.D(2) Umha noite, atárom á cama a este rapaz e logo trocárom-no de galeria.

Soto 25/02/2013

25 de fev. de 2013

Café-bar L'Incontro


Café-bar L'Incontro. Um decorado "glamouroso". Gelados, cócteis...Duas televisoms de plasma, videoclips de moda, Melendi a todo volume.
Estudantes subvencionados polos pais sentam a tomar um chocolate, um professor mileurista toma o café mentres lê "El Correo Gallego", um trabalhador "autónomo" aproveita para tomar umha coca-cola e um pintxo mentres atende o seu computador portátil no terraço.
Vestidos com camisa branca e pantalom preto, os camareiros.
Um deles leva na empresa dous anos com contratos parciais, o segundo nom tem contrato nem horário, acode quando é chamado polo patrom, o terceiro, mais novo, chamou a um anúncio do jornal: "Ajudante de camareiro menor de 25 anos". Nom sabe se o vam contratar ou nom, precisa de dinheiro urgentemente para pagar o aluguer da casa e trabalha com todas as suas forças, sem perguntar.

22 de fev. de 2013

Era-se umha vez numha nave no Poligono Industrial de Compostela


A máquina tem sete braços. A um lado umha mulher de meiana idade, e ao outro um rapaz jovem. A máquina é o seu
centro de atençom, move-se a umha velocidade constante. Ela colhe um libro da caixa e ele deixa-o caer num dos braços
que se achega; em cada um dos braços um livro, cada tres segundos o rapaz e a mulher repetem o mesmo movimento autómata
durante mais de 8 horas.
       A máquina-ruleta. Dá voltas como um reloxo.
Ao longo do almacém, um home anda a toda óstia, dum lado a outro berrando: "Venha, óstia, venha, vamos, óstia, vamos!"
Umha mestura entre hooligan e Frankenstein, a súa mandíbula move-se pola cocaína; leva caixas dum lado para outro, ordena
e aparta a um lado á mulher para que ela poda ir ao banho.
"Venha, venha, óstia!"

Sempre, no mesmo recuncho, outro home, de gafas, custódia outra máquina; ao ritmo dela saca, por lotes, artigos de todo
tipo: mapas de estradas, contos para nenos, estudos subvencionandos pola Xunta, revistas "revolucionárias", fascículos
de historia, folhetos electorais, guias de museus...
Numha mesa, umha fileira de homes. De pé, metem um papel dentro de outro, um papel dentro de outro e o sol vai caindo
fora, tras do portal.
No despacho umha mulher jovem está sentada frente um computador numha mesa chea de papeis e de teléfonos que soam.
Cada día atende a cada home e cada mulher que sae da nave e paga, em mam, 5€ de vida por cada hora assassinada.

Cousas de prisom


El é galego, o primeiro galego que conheço em prisom. É baixo e está "cascao"

-Neno, venho de Puerto de Santa María, “menudo tute” metido na jaula essa.

Entrou no cárcere por roubo, com 19 anos. Umha condenaçom pequena. Agora tem 29 e faltam-lhe uns meses para sair. Pelejas e problemas por droga e dinheiro sumarom anos de condenamento, anos em primeiro grado, fechado numha cela e saindo tres ou quatro horas a um pátio minúsculo mais algumha que outra actividade.

Disse-me que é da Corunha.

Eu dissem-lhe: “- de Montealto, nom?”

-Sim, como o sabes?

Nom lho digo, mas sei-no. Porque Montealto é um bairro empobrecido, um bairro popular, de operários, de parados e precarizados, de economia submergida, de gente que se busca a vida para tirar para adiante.

Hoje, a mim trouxeram-me umha TV e a el umhas pílulas para durmir. A TV custa 183€ e vem de "El Corte Inglés" e quando saia de aqui ficará para a instituiçom. As pílulas, suponho-me que serám proporcionadas à instituiçom mediante algum trato económico com a farmaceútica.

Peta-me na parede e di-me pola janela:

-Paisano, deixa-me berrar-che umha cousa antes de deitar-me. Viva Galiza Ceive “mecagoendios”!.

14 de fev. de 2013

O botom e o crime


O carcereiro preme o botom. Tras do cristal escuro, é difícil distinguir o seu rosto. O botom fecha e abre as portas
automáticas; mediante um "telefonilho" envía ordes ao preso: "Pátio?" "Teléfono?" "Médico?" Se nom há resposta imeiata
entende-se como umha negativa.

Por um buraco da porta, a comida. Por um pequeno cristal, uns olhos fam o "reconto" a umhas horas determinadas.
O "crime" ou "presunto crime" (segundo o Juiz emita condena ou dicte prisom provisional) é castigado.
Os corpos som depositados, almacenados. A vida do preso é reduzida a umha existência simple e regulada.